ONTOLOGIA GUARANY CONTRA O NAZISMO PSÍQUICO





O nazismo psíquico, ao se configurar como a fronteira entre o "jardim fechado da infância" e a sociedade de controle dos adultos, não consegue atingir aquilo que podemos falsamente nomear como ‘pólen’ ou os resquícios da infância que não são completamente processados, ou seja, assassinados pela lógica do anti-ser ou do semi-ser também conhecidas como a lógica das nomeações, em síntese, a lógica do mercado…

Em verdade vos digo que o Adulto não existe, ele é o deserto e a miragem e a miragem não é a infância, a miragem é o controle.

A criança interior não é uma miragem ou uma possibilidade utópica, ela é a pérola dentro de ti, ela é o Índio dentro de ti. O louco dentro de ti.

(No mundo do controle a criança é invertida através do louco, através do presidiário, através do índio, mas neles o espírito quer florescer)

A dimensão do entre é onde se dão os encontros dos corpos de todas as coisas com o humano delas, corpo-lugar que recebe o canto-reza da palavra e do silêncio, entrecorpos da visitação das vozes do visível e do invisível que entram em estado de transe no corpomundo onde noções como dentro e fora são insuficientes, tudo começa e termina no transe do corpo, o entre é o entre do corpo, o entre dos diálogos e entre da amizade das coisas pelas coisas. Por isso é importante se abrir para a desnomeação, desterritorialização do corpo como ente transcedental, para o estudo dos processos de imanência. Para o diálogo em todas as suas formas como relembramento de vivências e experiências de alteridade radical e como cartografia para além das categorias, para a phala do corpo, a pulsação do corpo, este índio da tribo do sopro das energias. Os poetas estão no mundo como índios, como loucos que são índios psíquicos, como crianças que são a materialidade ontológica da dimensão do entre, crianças estão entre o onírico e o sagrado, entre o animal e o anjo, entre o éden e a árvore no meio da névoa-nada. Podemos dizer que as subjetividades ocidentais não servem mais para o poema. Que Artaud é o Moisés e o corpo e a montanha, a estrela e o céu são a mesma coisa. Que a única fronteira que ficará intacta será a fronteira do estranhamento, fundada pelo poema, a fronteira entre as limitações da língua e as descobertas da linguagem que avança para o sonho, para o indefinível, para o inominável, que avança para o mundo. Aquilo que Clarice Lispector quis dizer com ‘A descoberta do mundo’ é o que está prestes a acontecer, não o fim, nem o começo, a descoberta. Agora uma epígrafe fora do lugar, um fragmento de Rimbaud, da iluminações recriado por mim, do poema ‘Com vinte anos’

As vozes que ensinam todas exiladas…A ingenuidade física, material guardada com uma amargura, uma angústia contida, pausada…Agora o Adágio, Ah, o egoísmo infinito dessa adolescência, o otimismo pesquisador: como era repleto de flores o mundo naquele verão! Formas e espirais no ar…um verdadeiro coro, para acalmar a impotência e a ausência! Um coro de melodias obscuras como vidros…O fato é que os nervos estão expostos!

Num território sem lugar, um Atopos que a partir da nossa interioridade cancela as fronteiras entre o mundo e nosso corpo, onde flores são como um coro de tragédia grega e como nervos ao mesmo tempo, em que as coisas são mediadas por uma transparência obscura como vidro que pode muito bem ser noção de Alma, que tudo indica não ser algo individual, somos todos uma Alma separada em milhões de formas que se movem em espirais em direção ao fim do tempo, em direção à morte do tempo, isso que uns ousam chamar de eternidade e outros de infinito, é este território que iremos ocupar com nossa hiperpresença, porque não concebo os mortos como ausentes, os mortos entram em um estado de hiperpresença, estão muito mais aqui do que nós podemos conceber, nós de um modo misterioso somos as luzes que os mortos acenderam.

3 Comments:

At 10 de julho de 2013 às 22:58, Anonymous Fábio Luis Siquera Miranda said...

Unidade. Isso fincado como questão de honra, é imprescindível então, que nos demos atenção uns aos outros, entretanto, pode acontecer que no curso dos blá blá blá ainda, algum irmão se exprima mal ou mesmo exponha uma ideia equivocada. A nossa tendência pode ser de o quanto antes o mandar calar a boca dentro de nossa sintonia. Isso é negativo. Esse orador incomprendido continuará assim se explicando fora do nosso círculo de reuniões e até depois ainda, além disso, para se combater uma ideia errada é necessário que todos ou a larga maioria, compreendam como e porque a idéia é errada. Assim zicas, a democracia dentro dessa nossa digna luta, dentro dessa nossa sintonia, a liberdade de se expressar perante todos nós, é uma condição inquestionável para que todos e cada um se sintam engajados e responsáveis pela situação. Sempre essas coisas foram ligadas. Quanto mais leitura, mais se percebe-se na condição ainda de escravizado. O princípio de trocar as ideias discutir e elaborar a decisão em conjunto deve sempre ser mantido dentro de nós. Cada coordenada é dada coletivamente. Se ouça. Como posso ser mc somente olhando para o próprio umbigo? Até quando só o próprio umbigo? Contra todo o tipo de nazismo doença de almas frias é cerol fininho. Suas licenças aqui, não nos viram,fui.

 
At 30 de julho de 2013 às 18:57, Anonymous vanessa said...

tá incrível de boa essa reflexão,tche..
quem é esse cara, marcelo ariel?

 
At 30 de julho de 2013 às 19:04, Anonymous Fiume420 said...

Um poeta de Cubatão-SP, Vanessa. Vocalista do Scherzo Rajada, autor de vários livros, seu clássico é o "Tratado dos Anjos Afogados". Nesse vídeo dá pra ter uma ideia melhor: http://vimeo.com/23890835

 

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